O vídeo apresenta uma conversa realizada em agosto de 2020 entre as curadoras e a artista Ventura Profana.
As imagens foram produzidas pela própria artista.
O audiovisual do Travessias 6 é uma parceria com a Alucinação filmes que editou e realizou o vídeo.
Após a apresentação do filme, as curadoras e a artista respoderam perguntas do público.

Tradução em libras
Erica Cristina

Python - Ventura Profana y podeserdesligado.

EU NÃO VOU MORRER - Ventura Profana - podeserdesligado

RESPLANDESCENTE - Ventura Profana - podeserdesligado

Baluarte

Baluarte

O Poder da Trava que Ora, Fotoperformance.

O Poder da Trava que Ora, 2019
Fotoperformance
Dimensões diversas
Registro de Alex Oliveira

Comunidade Evangélica De Lilópolis

Comunidade Evangélica de Lilópolis - Levanta Minha Casa Capa

Performance Edificação 50'

“Edificação”, 2018
Tijolos, cimento e madeira.
Performance 50' em conjunto com Rainha Favelada e as Frozen 2000 para Ato-intervenção “Noite Estranha”, concebido por Sabine Passareli, Marta Supernova, Clarissa Ribeiro e Lorran Dias, em diálogo com a vida, obra e poética de Matheusa Passareli (Despina, RJ)
foto: VIDAFODONA

Assim, quem edifica transcende a cruz.

Assim, quem edifica transcende a cruz, 2019
Madeira e Ferro
1,83 x 1,20 x 10 cm
Parte da instalação TABERNÁCULO DA EDIFICAÇÃO
Auditório do Museu de Arte da Pampulha

A Primeira Missa no Brasil

A Primeira Missa no Brasil, 2017
Colagem digital a partir da pintura de Victor Meirelles
Dimensões diversas

Cânticos do Cânticos

Cânticos do Cânticos, 2018
Performance 120' em parceria com PODESERDESLIGADO para PAINEL PERFORMANCE _ SP- ARTE, 2018.

Registro de Jéssica Mangaba

Cânticos do Cânticos, 2018
Performance 120' em parceria com PODESERDESLIGADO para PAINEL PERFORMANCE _ SP- ARTE, 2018.
Registro: Jéssica Mangaba

CATALÓGO SEM SENHOR

SEM SENHOR, 2019
Pintura sobre tecido, 1600x0,80 cm
Parte da instalação TABERNÁCULO DA EDIFICAÇÂO
Museu de Arte da Pampulha

Militância túnica e estampa EXÉRCITO DE DEUS

Militância, 2019
túnica e estampa EXÉRCITO DE DEUS, ESCRAVIZANDO VIDAS em brim camuflado silkado.
Desenvolvida no acompanhamento artístico do Festival VALONGO.

O Reino é Delas

O Reino é delas
Foto: vidafodona

BIGMAC ou MC LANCHE FELIZ

BIGMAC ou MC LANCHE FELIZ, 2017
Colagem digital
Dimensões diversas

por certo, a agonia grudada nas pontas descoloridas desse cabelo que não chegou nem aos ombros ainda relaciona-se com o que prometi e não cumpri. fiz tanto e passa pela cabeça que não fiz mais que a minha abrigação. insuficiência anal, no fim do ciclo deste dois mil e quinhentos, aqui dentro dela, habitação profana, descartadas descobertas. quatro travestis mães de punhos e calcanhares acordados, lançadas numa fornalha aquecida trezentas vezes mais, por não dobrarem-se diante do trono. foi o fervor, quando as vi moviam-se vestidas de samba. nunca foram mortas. tenho medo de todas as roupas no armário pois não lavei o tanto que pudesse e durante quase todos os dias no rio de janeiro tem chovido portanto não fui à praia, estar aqui me machuca desde o dia em que fui recebida aos onze anos de mim, por meu primeiro pai amado, na passarela quatorze da avenida que ostenta o nome da nação às nove e quarenta e cinco da noite. gosto de correr a estrada de caminhão. vou fazer autoescola e um dia tomar a direção. também quero que painho permaneça dando truques e dribles na diabetes e que sua vista resista à cegueira para que possa contemplar minha chegada, com os cabelos tocando o chão e esvoaçantes certamente. eu minto sim, quando roubei pela primeira vez um ocó, depois de três dias me amei muito. agora, ao acordar (que merda de língua, essa ensinada como oficial (( abrir os olhos nesse mundo é fazer acordos)) esta agonia é desleixo despeito desrespeito ao que não cu mpri. escolhi não gostar de berinjela.
a indignidade me assombra. essa semana foi ruim, mas comi caruru, vatapá e acarajé, não por acaso. respostas de oração: criando distância, desaprendendo, caçando, pedindo a cabeça numa bandeja de prata: senhor, nosso deus, nosso pai… e um montão de silêncios que tenho de aprender a gritar, gemer, grunhir. então não foi ruim.
se continuar sem atenção na conversa com cajueiros, gatas e jaguatiricas suponho que a coisa toda da minha cabeça enbranquecerá, sem a mão na terra em ritual de plantação, cultivar intimidade com acácias. decepcionar, regredir, ser enganadora deste mundo condenado, passar sem ser compreendida, associada, cúmplice dos inimigos de meu povo. que minha vista seja negrume, meu tato, meu respirar, que minha sombra seja também. que cada osso em mim, sacro, úmero, clavícula abandonem tudo que for másculo.
planejo aprender francês, italiano, espanhol e alemão, para ferir cada fonema dessas línguas com faca de dois gumes, acumulo rancor por línguas românticas. não sofro por meus desejos incendiários. já pus fogo na pele de minha alma entorpecida pela saudade de casa. em abril jurei e estabeleci que até a virada da década devia aprender a cuidar das profundas porções de terra guardadas em ventura e cá estou: à beira de uma serenata de nervos. por anos esqueci de ouvir as rádios do saara pela madrugada. sou amante de seres aquáticos que também aprenderam a voar. lençol lança e que encontre um jeito de ser guiada pelos sonhos, ser batizada no espírito a cada manhã. orientar-me. desocidentalizar-me. dois meses sem provocar o bloqueio da testosterona, sinto o pecado ao meu lado na cama. vou rezar rezar rezar até virar o que tenho que ser. todos os dias às seis da tarde, buscar: a mais firme herança de margarida.

Corpouniversal

Corpo Universal

DESEJOS2

DESEJOS

Concílio das Lamentações

Concílio das Lamentaçõe, 2020
Colagem digital desenvolvida para o programa de quarentena do Instituto Moreira Salles
Dimensões Diversas

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Edificação

CATÁLOGO BATISMO

BATISMO, um estudo em vermelho, 2017
colagem digital

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Edificação

falo

Falo

jesusdeverdade

Jesus de Verdade

BENZA

BENZA

consagração, estava nua quando não morri, fui conduzida rasgando os raios da sol naquela carruagem reluzente possuída por sonhos resplandecentes travestis. perdi o controle, quando asas grandiosas escapuliram de minhas costas. entrei sedenta dentro de mim, rezando a cor vermelha e encontrei o santuário no meio de minhas pernas, acima de onde as coxas labutam uma contra a outra, marcando a pele ao mesmo tempo que gargalhei aleluias com louvores cheios de borogodó. os vasos de barro transbordam de azeite e lubrificamos nossa coragem desse jeito. foi tremendo quando o espírito soprou e estávamos atentas no quintal, na terra batida, a poeira subindo, neblina, um coral no céu e as meninas falando línguas estranhas edificantes. foi tremendo quando olhei ao redor e estávamos revestidas de poder, supermultiplicando a unção, os picumãs expandiram-se pela atmosfera, as tranças eram como as raízes da figueira. mistério milagre magia. adentramos a dimensão do sobrenatural. por isso vencemos a guerra. quando avistei o rio, desabei em lágrimas que trouxeram restauração para as montanhas feridas de minha alma. não havia controle porquê a glória fluía de todas, nós fartamente; no sentido; estava nelas, a própria vida nelas, o rio eram as bonecas, elas são o espírito. sem santidade, sem senhor. subimos para o púlpito, hosana. levantamos nossa casa, arrebatamento.

Novo Testamento

Novo Testamento, 2019
Colagem digital a partir das notas encontradas em minha primeira Bíblia e na Bíblia principal de minha avó materna
Dimensões diversas

caparespladescente

Capa Resplandescente

Retrato Ventura Profana
Foto: Ge Viana

Ventura Profana, Salvador (BA), 1993

Filha das entranhas misteriosas da mãe Bahia, donde artérias de águas vivas sustentam em fé, abunda. Ventura Profana profetiza multiplicação e abundante vida negra, indígena e travesti. Rompe a bruma: erótica, atômica, tomando vermelho como religião. Doutrinada em templos batistas, é pastora missionária, cantora evangelista, escritora, compositora e artista visual, cuja prática está enraizada na pesquisa das implicações e metodologias do deuteronomismo no Brasil e no exterior, através da difusão das igrejas neo-pentecostais. O óleo de margaridas, jibóias e reginas desce possante pelas veredas até inundá-la em desejo: unção. Louva, como o cravar de um punhal lambido de cerol e ferrugem em corações fariseus.

Instagram @venturaprofana